Análise do texto: Pesquisar em educação: considerações sobre alguns pontos-chave
A autora propõe cinco pontos que podem contribuir para a
discussão da pesquisa que se produz em educação.
1.
O que se entende pro pesquisa
2.
Qual a idéia de paradigma,
3.
Confronto dos métodos qualitativos em relação
aos quantitativos
4.
O possível papel dos estudos quantitativos,
5.
Os grupos de pesquisa e a emergência de novos
tipos de temática.
A palavra pesquisa pode denotar desde a simples busca de
informações, localização de textos, eventos, fatos, dados, locais, até o uso de
sofisticação metodológica e uso de teoria de ponta para abrir caminhos novos no
conhecimento existente, e mesmo criação de novos métodos de investigação e
estruturas de abordagem do real.
Não se pode tomar a palavra pesquisa de modo amplo e vago, mas é necessário tomá-la em uma acepção mais acadêmica, implicando o uso de métodos específicos, preocupação com validade, rigor ou consistência metodológica, preocupação com a ampliação ou construção de novos conhecimentos sobre determinada questão. |
Embora o termo paradigma tenha assumido no discurso
acadêmico sentidos os mais variados, ele lembra a necessidade de existência de
um consenso em relação a referentes analíticos básicos, historicamente
constituídos e institucionalizados organicamente.
Nesta perspectiva torna-se muito difícil colocar os estudos
e pesquisas em educação como ciência, estando ainda na condição de
conhecimentos pré-paradigmáticos. Não há consenso paradigmático no campo das
pesquisas em educação. Isto não quer dizer, no entanto, que não se possa ter
nos estudos no campo da educação uma preocupação com questões de teoria e
método, e quanto ao sentido mais geral e a uma certa consistência dos
conhecimentos a serem construídos.
Na discussão em torno das abordagens qualitativas X
quantitativas encontramos uma polarização de argumentos que nem sempre leva em
conta os limites e as limitações de ambas na produção de conhecimentos.
Na abordagem qualitativas que tem grande valor, as
dificuldades metodológicas de seu emprego nem sempre são consideradas e sua
abrangência interpretativa nem sempre respeitada, levando a generalizações
impróprias.
Na abordagem com trabalhos que usam quantificações nem todo
trabalho deste tipo tem a abrangência que muitas vezes lhe é atribuída e a
significação que lhe é concedida.
É preciso considerar que os conceitos de quantidade e
qualidade não são totalmente dissociados, na medida em que, de um lado, a
quantidade é uma interpretação, uma tradução, um significado que é atribuído à
grandeza com que um fenômeno se manifesta. Por outro lado, nas abordagens
qualitativas, é preciso que o evento, o fato, se manifeste em uma grandeza
suficiente para sua detecção.
Assim, é fundamental o conhecimento dos meandros teóricos,
técnicos e metodológicos da abordagem escolhida.
Problemas são observáveis em pesquisas quanto ao emprego de
qualquer desses métodos, seja em artigos de periódicos, seja em dissertações de
mestrados ou teses de doutorado.
O papel dos estudos quantitativos
Atualmente, na área da pesquisa educacional poucos estudos empregam metodologias quantitativas.
Há mais de duas décadas que na formação de educadores e de
mestres e doutores em educação não se contemplam estudos disciplinares sobre
esses métodos.
Estudos que utilizam mensurações também são poucos. Esta
dificuldade no uso de dados numéricos na pesquisa educacional rebate de outro lado
na dificuldade de leitura crítica, consciente, dos trabalhos que os utilizam, o
que gera na área educacional dois comportamentos típicos: ou se acredita
piamente em qualquer dado citado (muitas vezes dependendo de quem cita –
argumento de autoridade), ou se rejeita qualquer dado traduzido em número por
razões ideológicas reificadas, a priori. Os métodos de análise de dados
que se traduzem por números podem ser muito úteis na compreensão de diversos
problemas educacionais.
Mais ainda, a combinação deste tipo de dados com dados
oriundos de metodologias qualitativas pode vir a enriquecer a compreensão de
eventos, fatos, processos. As duas abordagens demandam, no entanto, o esforço
de reflexão do pesquisador para dar sentido ao material levantado e analisado.
Verificamos que os estudos com dados quantificados, com
estas características e contextualizadas por perspectivas teóricas, com
escolhas metodológicas cuidadosas, trazem subsídios concretos para a
compreensão de fenômenos educacionais indo além dos casuísmos e contribuindo
para a produção/enfrentamento de políticas educacionais, para planejamento,
administração/gestão da educação, podendo ainda orientar ações pedagógicas de
cunho mais geral ou específico.
Grupos de pesquisa e emergência de novos tipos de
temáticas
Pesquisar é trabalho de equipe, trabalho colaborativo com
ancoragem em redes de referência.
Há sinalizações de novas tendências no desenvolvimento da
pesquisa em educação, com desprendimento de estritos campos disciplinares e
avanços na procura de interfaces e diálogos pertinentes interáreas, diferentes
abordagens e diferentes modos de teorização.
Percebe-se uma nova sensibilidade nos pesquisadores em
relação à educação enquanto processo social e cultural, com significados que se
fazem públicos e compartilhados, mas cujo sentido se cria nas relações que
permeiam suas práticas, seja em nível de sistemas, seja em nível das escolas,
salas-de aula, dos alunos, professores, pais, etc.
Do ponto de vista das teorizações, o diálogo do pesquisador
com autores e bibliografias precisa pautar-se mais pela dúvida e discussão,
pela postura crítica e ampliadora, e não apenas pela reprodução e aceitação.
Em geral se faz relato do que já se tem como acervo, ou
seja, reprodução do que está já publicado (ipsis) e, portanto, é acessível a
qualquer um.
A autora faz uma crítica em relação ao uso maçante das
mesmas citações em vários trabalhos, não havendo uma revisão bibliográfica
sobre os temas debatidos.
Não se debatem idéias de autores, nem se confrontam autores
em busca de referentes próprios. Reproduz-se.
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