Algumas práticas avaliativas
coerentes com o paradigma objetivista
Medidas e instrumentos
No
sentido de medir, o conceito de avaliação é “atribuição de um número incluído
numa série a cada um dos integrantes de uma série de pessoas ou objetos de
acordo com certas regras estabelecidas. Aos produtos estudantis os professores
atribuem notas de zero a dez, não importando formalmente se são testes ou
provas, se são realizados em sala ou em casa, ou se são feitos individualmente
ou em grupo.
Os
dispositivos usados na avaliação como operação de medida são, pois,
instrumentos de medição, quantificação, de distribuição numa escala graduada.
Os mais comuns são os testes e as provas. As provas, por sua vez, são exames
aos quais os alunos são submetidos e por meio dos quais devem demonstrar
capacidades em determinado assunto ou matéria.
EX. ENEM,SAEB...
Avaliar, portanto, com o uso
de medidas como estamos estudando, em qualquer acepção, significa situar o
desempenho dos alunos em uma escala de valor cuja notação vai de zero a dez. É as
preocupações com a exatidão científica que permitem situar essa modalidade de
avaliação, denominada avaliação como operação de medida, no âmbito do paradigma
objetivista.
A finalidade é, então,
avaliar a efetividade dos seus programas e obter informações sobre o progresso
e desenvolvimento do alunado. Medir o desempenho, isto é, a atuação dos alunos
em relação aos seus conhecimentos escolares, é uma necessidade em diversos
momentos de um programa de formação. O problema começa quando a preocupação
exclusiva é medir para classificar, hierarquizar, desprezar ou destinar alunos
a classes mais fracas.
8 funções da avaliação
1.
Por meio da avaliação e dos seus resultados, as famílias podem permitir mais ou menos regalias aos filhos. Assim, é possível
que os filhos tenham suas rotinas alteradas por ocasião de alguma avaliação,
sejam privados de saídas e tenham de freqüentar aulas extraordinárias.
2.
São muitos os estabelecimentos de ensino que organizam suas turmas de acordo com a classificação dos alunos. Os
cursos preparatórios para vestibulares, por exemplo, chegam a criar turmas
especiais, ou de elite, reunindo somente alunos com os mais altos desempenhos.
3.
As turmas de aceleração ou progressão
são constituídas de alunos com alguns problemas no processo de formação. Estas
turmas, então, funcionam com didáticas e métodos especiais.
4.
Há professores e escolas que utilizam testes
e provas como meio de regular a disciplina escolar, o ritmo de estudo dos
alunos etc.
5.
Avaliações contínuas podem ser realizadas como parte da política de sucesso de determinado estabelecimento de ensino; o
intuito, nesse caso, é ter idéias precisas sobre a eficiência dos professores e
do que os alunos sabem.
6.
Conforme o rendimento dos alunos, é possível que um estabelecimento de ensino tenha classes com programas, objetivos e
exigências diferentes.
7.
As preocupações com sistemas de seleção e
de orientação são típicas de estabelecimentos seletivos, competitivos,
elitistas.
8. A avaliação pode ser uma fonte de estresse, angústia, desconforto,
constrangimento etc. Mas também podem ser de satisfação narcísica para
professores, primeiros alunos, pais.
CRÍTICAS
As críticas à pedagogia do
exame demonstram que esta desempenha papel similar à indústria cultural,
impondo sempre as mesmas coisas, reprimindo, privando, atrofiando a imaginação,
a espontaneidade e a atividade intelectual criativa do estudante.
Ao longo do desenvolvimento
da pedagogia do exame, segundo afirma, “todas as atividades docentes e
discentes estão voltadas para um treinamento de resolver provas.
Avaliação como operação de medida: fidedignidade,
validade e planejamento de testes escolares.
O desconhecimento das noções
e fases da avaliação como medida, produz efeitos variados, mas especialmente
dois são mais salientes:
·
A proliferação de
questões e testes mal elaborados
·
E os conseqüentes
prejuízos para os alunos (dificuldades de resolver corretamente certas
questões, não porque não saibam, mas por se distanciarem do que os avaliadores
esperam).
Todavia, vamos argumentar que
somente saber construir questões e testes com fidedignidade e validade, bem
como estar atento às fases do planejamento dos testes escolares, não dá conta
do essencial a ser avaliado.
Fidedignidade de validade
A fidedignidade de uma questão em particular, ou de um teste em
geral, tem a ver com a estabilidade dos seus resultados. Na prática, quando
construímos uma dada questão, ou elaboramos um teste, a expectativa é de que as
respostas não variem de um grupo de alunos para outro. A repetição dos escores,
portanto, será o principal indicador do grau de fidedignidade que queremos
obter.
O grau de validade de questões e testes,
diferentemente do grau de fidedignidade, somente pode ser considerado a
posteriori, em especial quando se tem certeza de que o conteúdo (da questão
e/ou do teste) com o qual os alunos trabalharam está dominado.
Na verdade, a validade,
ocorre em relação a determinado propósito. Seu grau é, pois, bastante
relativo. Daí é que uma
questão ou teste pode ter validade apenas para determinados grupos de alunos,
sendo totalmente inválido para outros.
Como se pode ver é extremamente válido que todos os
professores dêem a devida consideração às noções de validade e fidedignidade. A
atenção em ambas, no mínimo, os afastaria de alguns equívocos que, ao nosso
ver, resultam em prejuízos para os alunos.
A avaliação, qualquer que
seja a tendência, afinal de contas, é apenas um meio a serviço da aprendizagem
dos alunos. Nesse sentido suas funções primordiais devem servir para
diagnosticar lacunas e fragilidades, porventura existentes, nos processos de
ensino e aprendizagem, bem como indicar os níveis reais e potenciais dos
alunos.
PLANEJAMENTO DE TESTES ESCOLARES
O que medir?
Lembrando sempre que a
matéria trabalhada não constitui a finalidade de tal programa, ela é sempre um
meio. É desejável que o examinando, por meio de comportamentos observáveis,
demonstre que há sensível diferença entre o momento anterior à educação formal,
e o momento de agora, que deve refletir, necessariamente, o efeito da ação
educativa.
Como medir?
Questões abertas
As questões abertas, hoje em
dia, dividem o cenário avaliativo com as questões fechadas. Contudo, parece que
a escolha por questões abertas tem a ver com a disposição de medir a extensão e
a abrangência do conhecimento do aluno, bem como sua capacidade de
verbalização.
Ex. Quem inventou o avião?
Como você analisa o Tropicalismo?
Que avaliação faz das contribuições do
Movimento Modernista à pintura brasileira?
Questões fechadas
As questões fechadas, regra
geral, são aquelas que levam os alunos a escolher a resposta correta, pelo
menos entre quatro alternativas, ou distraidores, dispostas hierarquicamente,
indo do mais absurdo ao mais plausível. Para efeito de ilustração, vejamos a
seguinte questão:
Ex. Os primeiros povoadores
do Brasil, provenientes da Europa, na era moderna, foram os:
a)
Irlandeses
b)
Espanhóis
c)
Fenícios
d)
Esquimós
e)
Portugueses
O enunciado desta questão
(também denominado suporte, raiz ou premissa) é referente ao início do
povoamento europeu do Brasil. A alternativa correta é, portanto, a letra “e”;
as demais são distraidores.
Terceira fase: pré-testagem
Nesta fase, é recomendável
fazer uma pré-testagem das questões e do instrumento de medida em sua
totalidade. Para tanto, sempre é possível trabalhar com uma amostra de
indivíduos com características similares à do grupo de alunos.
A expectativa é,
fundamentalmente, identificar itens defeituosos, graus de dificuldade e
discriminação, tamanho do teste, tempo de realização, enfim, todas as
inconsistências e incorreções porventura existentes.
Quarta fase:
aplicação
Esta fase não é uma simples
formalidade escolar. Ela supõe que o teste seja realizado em ambiente
silencioso, com fácil circulação das pessoas, bem arejado e iluminado. Supõe
ainda que todas as condições de aplicação sejam ótimas, garantindo
tranqüilidade para os examinandos. É também indispensável que a orientação aos examinados
seja adequada e precisa tanto no que se refere ao melhor entendimento das
questões, quanto à correta apresentação das respostas.
Quinta fase: correção
A correção das questões ou do
teste, como um todo, é a última fase do planejamento dos testes escolares.
Sexta fase: comunicação dos resultados
Há várias maneiras de
comunicar os resultados dos testes aos alunos. As piores certamente são aquelas
que os expõem ao ridículo, com graves sensações de desconforto e
constrangimento. Tais exposições incluem a leitura pública das notas dos alunos
e a publicação de resultados em ordem de classificação, ambas seguidas de comentários
geralmente humilhantes.
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