Comenius propõe que observemos a Natureza para descobrirmos
a arte de ensinar tudo a todos.
É o foco curricular
na preparação para o trabalho que vai criar uma das principais diferenças entre
o currículo clássico (abordado na época de Comenius) e as propostas
curriculares que passam a se desenvolver com a Revolução Industrial.
No currículo clássico, estabelecido desde
a Idade Média e o Renascimento, organizava-se com base nos chamados trivium (gramática,
retórica e dialética) e quadrivium (astronomia, geometria, música,
aritmética). Para o currículo clássico, o estudo das grandes obras clássicas
gregas e latinas, e suas línguas, seria capaz de formar a pessoa inteligente,
defensora dos valores expressos nos clássicos estudados.
O foco da educação clássica é, portanto, a formação
intelectual.
No currículo tradicional: que vai
tornar as necessidades do mundo do trabalho foco da formação na escola, e que
vai propor, como ponto forte de seu desenvolvimento, métodos eficientes de
organização e planejamento e, como desencadeador do planejamento, a ênfase nos
objetivos do ensino, o que dá o caráter tecnicista dessa proposta.
Foco - administração científica do trabalho na fábrica
que o currículo tradicional vai buscar sua inspiração. O currículo tradicional
seguiu esta compreensão: a tarefa de ensinar consiste em preparar para o
trabalho efi ciente.
O desenvolvimento de
objetivos padronizados para o ensino e a divisão do tempo escolar e das turmas
na busca da homogeneidade foram difundidos como a forma (científica) de se
promover a educação voltada para o mercado de trabalho (para as necessidades do
sistema de produção capitalista no momento de sua expansão, impulsionada pela revolução
industrial).
- Clássico refere-se,
portanto, àquilo que é próprio das artes, da literatura ou da cultura da
antiguidade greco-romana ou latina, baseando-se nos valores e verdades
consagrados nessas culturas.
- Tradicional, por
sua vez, refere-se à tradição, baseado no uso ou no costume (aquilo que é
de mais uso ou costume que outro).
ESCUSOS PODERES E RELAÇÕES OBSCURAS NO
CURRÍCULO: O QUE TEMOS EM MENTE?
As mudanças axiológicas, ou seja, mudanças nos valores que
foram ocorrendo no mundo por volta dos anos 1960, e quais as produções, no
campo do currículo que chamaram a atenção para as intencionalidades veladas nas
práticas escolares.
A crítica à desigualdade social e o estudo da produção dessa
desigualdade atingem, também, as instituições escolares e, nelas, o currículo
escolar.
A PERSPECTIVA CURRICULAR CRÍTICA
A formulação que tomamos hoje como “crítica” do currículo
tem como abordagem a denúncia de aspectos políticos, ideológicos e culturais que,
envolvidos no debate curricular, favorecem a exclusão social e escolar.
Podemos situar dois grupos na origem da perspectiva
curricular crítica:
Grupo norte-americano – “movimento de reconceitualização”
Críticos às tendências behavioristas e empiristas predominantes
no campo da educação americana tentariam reconceituar o campo, por meio de uma
leitura que privilegiava a compreensão das relações entre “currículo e
estrutura social, currículo e cultura, currículo e poder, currículo e
ideologia, currículo e controle social etc.”
Grupo inglês – “nova sociologia da educação”
Grupo da nova sociologia da educação (NSE). O foco
deste grupo era “compreender as relações entre os processos de seleção,
distribuição, organização e ensino dos conteúdos curriculares e a estrutura de
poder do contexto social inclusivo.
CURRÍCULO, IDEOLOGIA, PODER E CULTURA
Ideologia é um conceito que se liga ao conceito de relações
de poder. Essas relações de poder estão expressas não apenas nos conteúdos da
escolarização, mas também na linguagem por meio da qual os conteúdos são
aprendidos. Se a linguagem é uma representação de uma determinada realidade,
todo o conhecimento também é representação, ou seja, não é a própria
realidade, mas representações dela.
O currículo, nessa perspectiva crítica, é visto como um
campo em disputa, um campo de contestação e transgressão (MOREIRA; SILVA, 2008);
é, portanto, também uma questão de poder: “que forças fazem com que o currículo
oficial seja hegemônico e que forças fazem com que esse currículo aja para
produzir identidades sociais que ajudam a prolongar as relações de poder
existentes.
Ideologia, poder e cultura formam o cenário que nos ajuda a compreender
criticamente o currículo
Desde uma perspectiva crítica do currículo, portanto,
admitimos que o conhecimento escolar está envolvido com ideologias, poderes e
culturas que buscam favorecer um grupo social e uma determinada cultura.
Superar a exclusão social e escolar implicaria, então, pensar novos processos
de escolarização: mais democráticos, dialogados e solidários.
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